México, 30 out (EFE).- O parto é um ato violento, mas não tem por que ser doloroso, disse a escritora francesa Muriel Bonnet, opinando que a dor é conseqüência da atual "cultura do medo" imposta pelo homem.
"A dor vem do medo", disse Bonnet em entrevista à Efe.
A autora de "O nascimento, uma viagem: o parto através dos povos" explicou que o medo produz adrenalina, deixando as mulheres tensas.
A reação endurece os músculos do útero e gera a dor.
Ela acusou os homens de impor o mundo masculino de força sobre o feminino. A dominação é causada, por sua vez, pelo medo "do poder da deusa da criação", opinou.
"É uma luta de poder. Os homens tiraram da parteira seu poder natural de ajudar as suas irmãs e filhas a dar à luz. Agora as mulheres têm que lutar para retomar seu direito natural de apoiar as outras mulheres no parto", sustentou.
Quando o mundo feminino recuperar seu lugar haverá equilíbrio entre homens e mulheres, previu Bonnet. Durante 25 anos ela percorreu o mundo para observar como se dá à luz em diversas culturas.
A francesa esclareceu, no entanto, que não se trata de dominar o homem, que deve ocupar seu papel de companheiro da mulher. Os dois devem exercer a sua liberdade.
Bonnet lembrou seu primeiro parto, quando tinha 23 anos, como algo envolvido por uma nuvem de medo e ignorância. Ela usou anestesia epidural, fórceps e parto comum no hospital, porque não conhecia outras opções. Da segunda vez, quando teve gêmeos, o parto foi "de quatro", uma experiência mais simples, natural e agradável, garantiu.
"Em outras culturas, o parto não dá tanto trabalho, é algo simples", observou. Por isso, buscou parteiras baseadas na transmissão ancestral de conhecimentos no México, Amazônia, Canadá, Europa, África e Índia.
"O parto na verdade está ligado ao coração. Dar à luz é algo sagrado, como fazer amor, mas na sociedade atual nos esquecemos disso", explicou.
"Num mundo onde a mulher é integrada ao seu ambiente natural, o bebê nasce como um orgasmo", afirmou.
Bonnet é uma firme defensora de partos dentro de casa ou em "casas de parto" administradas por parteiras.
"Devemos tomar consciência primeiro do poder das mulheres, e não deixar que ele fique nas mãos de outras pessoas, como médicos", recomendou.
A francesa afirmou que a cultura do medo afeta inclusive a família, e é responsável pela luta entre sogra a nora.
"É uma concepção do passado. Nós, mulheres, somos bruxas, e isso é ruim. Mas na realidade ser uma bruxa é ser uma mulher de conhecimento, que não aceita a opressão, e isso é mais comum nas mulheres mais velhas", sustentou.
As mulheres jovens sentem essa força, que causa "inveja e medo", e daí nasce a inimizade entre sogras e noras. Mas, para ela, não deveria ser assim, já que "se existem bons homens é porque suas mães fizeram um bom trabalho". EFE lga mf
Texto enviado por Débora Diniz nossa parceira de equipa responsável pelo temas Gravidez, Parto e Doulas... um abraço e ótimo fim de semana.
Muita Luz e Amor
Ana
imagem : Ricardo Passos
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